O Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, ganhou a primeira volta das eleições presidenciais realizadas este sábado em Timor-Leste com 46 por cento dos votos, pelo que será necessária uma segunda volta.
Segundo dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral do país, os 278.178 votos recebidos, 46 por cento do total, não são suficientes para Ramos-Horta garantir a presidência ao não passar a barreira de 50 por cento, pelo que terá que disputar a segunda volta no próximo dia 19 de Abril.
O seu adversário será o actual presidente e antigo guerrilheiro Francisco “Lú-Olo” Guterres, que conseguiu 134.969 votos, 22,3 por cento do total.
As eleições de sábado, as quintas presidenciais realizadas pela mais jovem nação do Sudeste Asiático, registaram o maior número de candidatos, com 16, incluíndo Ramos-Horta e Guterres.
Em terceiro lugar na contagem, já nos 99 por cento, ficou a antiga vice-primeira-ministra Amanda Berta dos Santos, com cerca de 9 por cento, seguida do general Lere Anan Timur, com 7,5 por cento, e o ex-ministro Mariano Sabino Lopes, com 7,4 por cento, enquanto os restantes candidatos mal passam ou não chegam a 2 por cento.
A exemplo do que sucede em Portugal, o cargo de presidente em Timor-Leste tem menos competências que o de primeiro-ministro, mas elege o chefe de Governo e pode vetar leis. Estas eleições são vistas principalmente como uma luta de poder entre os principais partidos do país.
Ramos-Horta, que sobreviveu uma tentativa de assassinato em 2008, foi ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2002 e 2006, chefe do Governo de 2006 a 2007 e presidente entre 2007 e 2012, conta com o apoio do Conselho Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).
O político de 77 anos, prémio Nobel da Paz em 1996 pelo seu trabalho como porta-voz da resistência timorense no estrangeiro durante a brutal ocupação indonésia entre 1975 e 1999, disse estar a favor de dissolver o actual Parlamento para terminar com a luta de poderes que bloqueia a aprovação de orçamentos desde 2020.
Depois da realização da segunda volta, o vencedor das eleições presidenciais irá jurar o cargo no próximo 20 de Maio, data na qual o país – o mais jovem da Ásia- cumprirá 20 anos de independência.
A República Democrática de Timor-Leste nasceu em 2002 como um dos países mais pobres do mundo e depois de um passado marcado pelo colonialismo português, a ocupação indonésia e a transição tutelada pela ONU desde 1999 até à independência.
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