A Coreia do Norte disparou neste sábado um suposto míssil balístico, um novo teste armamentista de uma série de lançamentos de projécteis desde o início do ano ano. O novo ensaio balístico materializou-se dias antes das eleições presidenciais sul-coreanas.
As Forças Armadas da Coreia do Sul afirmaram que detectaram um suposto “míssil balístico disparado em direcção ao Mar do Leste a partir da região norte-coreana de Sunan”.
O Conselho de Segurança Nacional sul-coreano condeno, num comunicado o “lançamento contínuo sem precedentes de mísseis balísticos” por parte do Norte, que chamou de contrário à paz na península coreana.
A nota afirma que o Sul “vai monitorizar de maneira ainda mais rigorosa as instalações nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, como Yongbon e Punggye-re”.
O ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, também confirmou o lançamento e informou que o míssil voou a uma altura máxima de 550 quilómetros, percorrendo 300 quilómetros.
Pyongyang realizou sete testes de armas em Janeiro, um número sem precedentes, incluindo o seu míssil mais poderoso desde 2017, quando o líder Kim Jong Un provocou o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com uma série de lançamentos.
Desde então, a diplomacia estagnou e, apesar das duras sanções internacionais, Pyongyang insiste no fortalecimento da sua capacidade militar.
Em janeiro, a Coreia do Norte ameaçou abandonar sua moratória auto- imposta em testes de armas nucleares e de longo alcance.
Além disso, na segunda-feira, afirmou ter realizado um teste de “grande importância” para o desenvolvimento de um satélite de reconhecimento, um dia depois de Seul ter revelado que tinha detectado um lançamento de míssil balístico.
Eleições sul-coreanas
O teste mais recente do Norte acontece num momento delicado para a região, quando o Sul se prepara para as eleições presidenciais da próxima quarta-feira, que definirão o sucessor de Moon Jae-in.
Um dos favoritos, Yoon Suk-yeol, ex-líder do Partido do Poder Popular, ameaçou ordenar ataques preventivos contra o vizinho do Norte em caso de necessidade: “Parece que Kim sente que Moon não fez muito desde o colapso da cimeira de Hanói”, afirmou o analista Ahn Chan-il, professor de Estudos Norte-Coreanos, em referência à reunião entre Kim e Trump que não deu resultados.
Analistas apontaram que Pyongyang vai procurar capitalizar a distração do governo dos Estados Unidos com a invasão russa da Ucrânia para realizar mais testes.
A Coreia do Norte acusou os EUA em Fevereiro de serem “a principal causa da crise ucraniana”, apontando num comunicado que Washington “se intromete” nos assuntos internos de outros países quando é conveniente, ao mesmo tempo que condena as legítimas “medidas de auto-defesa” de outros.
“Com os testes, a Coreia do Norte parece dizer que é diferente da Ucrânia e recorda ao mundo que possui o seu próprio sistema de armas nucleares”, comentou Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos.
O governo do presidente Joe Biden expressou disposição por se reunir com representantes norte-coreanos, uma oferta ignorada por Pyongyang.
Analistas acreditam que a Coreia do Norte pode usar a sua próxima data festiva, que celebrará o aniversário de 110 anos do nascimento do fundador do país, Kim Il Sung, a 15 de Abril, para organizar um grande teste balístico.
Imagens de satélite recentes analisadas pelo site especializado 38 Norte sugerem que o país poderia estar a preparar um desfile militar para exibir as suas armas como parte da celebração.
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