Destruída pelo fogo em Janeiro de 1835, a Igreja da Madre de Deus vai ganhar nos próximos meses uma nova vida, ainda que apenas no mundo virtual. O Instituto Cultural quer usar a realidade virtual para reconstruir o mais emblemático dos monumentos do território, num processo que deve estar concluído antes ainda do final do corrente ano.
A informação foi esta semana avançada pela agência Lusa, que cita uma resposta do organismo agora liderado por Leong Wai Man. O Instituto Cultural diz que tenciona disponibilizar “visitas imersivas” à antiga Igreja da Madre de Deus, através da utilização de óculos de realidade virtual e de outro equipamento disponibilizado no local.
O périplo virtual pelas Ruínas de São Paulo vai ser lançado em quatro línguas – português, inglês, cantonense e mandarim – após um período de testes e ajustamentos.
O Instituto Cultural esta actualmente a recolher dados e informações históricas, com o objectivo de providenciar uma experiência o mais “imersiva” possível. O organismo governamental conta com o apoio da Diocese de Macau.
Terminada a fase de recolha, o processo de produção da visita virtual propriamente dita deverá ser entregue a uma empresa especializada. O Instituto Cultural sustenta que a tecnologia vai permitir “mostrar a história e cultura única da fusão das culturas chinesa e ocidental em Macau ao longo de centenas de anos” e contribuir ainda para uma melhoria da imagem da cidade como um destino para o turismo cultural.
A Igreja da Madre de Deus foi construída pela Companhia de Jesus na segunda metade do século 16, tendo sido destruída por um incêndio em 1835, numa altura em que o templo católico se encontrava de portas fechadas depois da expulsão dos Jesuítas ter sido consumado.
O edifício foi completamente calcinado pelas chamas, tendo restado apenas a fachada – que ainda hoje sobrevive – e parte dos muros laterais, construídos em chunambo. As paredes foram depois derrubadas por razões de segurança e o espaço foi reaproveitado primeiro como cemitério, depois como espaço de recreio, como museu a céu aberto e como jardim público. Em 1904, quase setenta anos depois do incêndio que destruiu aquela que foi uma das mais opulentas Igrejas do Extremo Oriente, o padre António José Gomes encabeçou uma campanha pública tendo em vista a reconstrução da Igreja da Mater Dei e o então bispo João Paulino de Azevedo chegou mesmo a celebrar uma missa nas Ruínas, mas o projecto acabou por não avançar devido à morte de um dos principais impulsionadores da iniciativa, o comendador Albino da Silveira.
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