
O advogado Xie Yang, especializado na defesa dos direitos humanos, foi detido na República Popular da China por suspeita de “incitar a subversão contra o Estado”, informa um comunicado oficial obtido pela sua esposa. A detenção ocorre semanas depois de Xie ter defendido uma professora hospitalizada.
Yang, que defende activistas cristãos e defensores dademocracia, está incontactável desde que foi detido há mais de uma semana na cidade de Changsha, na província de Hunan.
O aviso da polícia, datado de segunda-feira, a que a AFP teve acesso, afirma que Xie, de 49 anos, foi detido por suspeita de incitar a subversão contra o poder estatal e “causar disputas e provocar problemas”. Esta acusação é frequentemente usada contra dissidentes e activistas: “Estou muito incomodada que ele tenha sido detido por acusações inventadas”, declarou a sua esposa, Chen Guiqiu, à AFP, em declarações feitas a partir dos Estados Unidos, onde mora com os seus dois filhos.
Ela diz que a casa onde o marido vivia foi saqueada: “Tudo o que podia ser aberto foi aberto, ou forçado, até os travesseiros foram rasgados”, relatou, lembrando que dois computadores e um cofre desapareceram.
A prisão de Yang aconteceu semanas depois de ele tentar visitar a professora Li Tiantian. De acordo com amigos, a mulher foi internada num hospital psiquiátrico após expressar simpatia por opiniões que questionam a narrativa oficial chinesa sobre o Massacre de Nanjing de 1937. Esta passagem histórica é uma questão delicada na República Popular da China.
Li teria sido detida após expressar apoio a um professor de Xangai que questiona o número oficial de 300.000 mortos ocorrido no massacre.
Xie defendeu a professora grávida de 27 anos, que, de acordo com as autoridades, aceitou ser internada.
Em Dezembro passado, o advogado divulgou um vídeo, frente a uma delegacia, no qual pedia a libertação de Li.
O Departamento de Segurança Pública de Changsha negou-se a comentar o caso, enquanto o centro de detenção e o departamento local de propaganda não responderam às interpelações da AFP.
Outro advogado de direitos humanos, Yang Maodong, foi detido na semana passada por suspeita de “incitar a subversão contra o poder estatal”, segundo um aviso da polícia. Yang já foi detido várias vezes pelo seu activismo.
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