Morreu o estilista italiano Nino Cerruti

Fotografia:"File:HK West Kln Elements mall shop Cerruti 1881.JPG"por Cihcvlss is licensed under CC BY-SA 3.0

O conceituado estilista italiano Nino Cerruti morreu aos 91 anos, informou uma fonte do sector da moda à AFP no sábado, confirmando as notícias que davam conta do falecimento deste “estilista filósofo” que revolucionou a forma de vestir no século XX.

Cerruti faleceu numa unidade hospitalar da localidade de Vercelli, na região do Piemonte, onde tinha sido submetido a uma cirurgia no quadril, de acordo com o jornal Corriere della Sera.

O estilista que vestia grandes figuras de Hollywood caracterizava-se por um estilo ao mesmo tempo elegante e informal. Nos anos 1970, introduziu o conceito de ‘casual chic’ e inventou o casaco masculino desconstruído.

Esse refinamento aparentemente descuidado era, nas suas próprias palavras, uma questão de “estilo”, palavra que preferia a “elegância”, que considerava “um terrível gosto antigo”: “Ter estilo é misturar cultura e arte”, definiu.

Nascido em 25 de Setembro de 1930 em Biella, Cerruti abandonou aos 20 anos os estudos de filosofia e o sonho de se tornar jornalista para assumir o comando de uma fábrica têxtil familiar após a morte do seu pai.

Na década de 1960, contratou Giorgio Armani, quatro anos mais novo, como criador de roupas masculinas. A associação, que imprimiu uma marca inconfundível no mundo da moda, durou até 1975, quando Armani decidiu criar a sua própria marca: “Sempre vesti a mesma pessoa: eu mesmo”, confidenciou Cerruti, que era o primeiro a usar as roupas que saíam dos seus ateliers. “Uma roupa só existe quando alguém a usa. Eu gostava imenso que os meus clientes as continuassem a viver, as continuassem a impregnar de vida, porque foi assim que eu as vivi”, acrescentou Cerruti, conhecido no meio como “estilista filósofo”.

O “Signor Nino”, como os seus funcionários o chamavam, vestia celebridades do cinema como Richard Gere, Marcello Mastroianni, Robert Redford e Jean-Paul Belmondo.

Liberdade para as mulheres

As suas criações também alteraram a forma de vestir das mulheres, com a popularização das calças. Uma revolução que acompanhou os ares da rebelião estudantil de 1968, colocando nas passarelas homens e mulheres vestidos da mesma forma: “As calças deram liberdade às mulheres”, disse Cerruti, que fabricou calças para marcas como a Chanel.

“Naquela época era uma escolha corajosa, porque em alguns restaurantes era proibida a entrada de mulheres que vestiam calças”, lembrou.

O fim de uma era

O patriarca da moda italiana, de cabelos fartos e nariz aquilino, era inseparável da sua camisola amarela, que usava em todos os seus desfiles.

Aos poucos, a Cerruti ampliou o seu raio de acção e tornou-se uma marca de perfumes, relógios, calçados e joias.

Mas a acirrada concorrência no sector do luxo deixa cada vez menos espaço para designers independentes e este verdadeiro pai da moda foi forçado em 2001 a vender o seu “Cerruti 1881” a investidores italianos, que declararam falência em 2005: “Eles têm uma estratégia industrial, não têm uma estratégia de marca!”, declarou Cerruti.

A marca passou então para as mãos do fundo de investimento americano MatlinPatterson e em 2011 tornou-se parte do grupo chinês Trinity.

 

Be the first to comment

Leave a Reply

Your email address will not be published.


*


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.