Milhares de residentes de Hong Kong fizeram fila esta quinta-feira para adquirir uma cópia da última edição do jornal pró-democracia Apple Daily, que foi obrigado a encerrar uma trajetória de 26 anos por entre a crescente das autoridades chinesas, que congelaram os fundos da empresa.
Propriedade de Jimmy Lai, crítico contundente de Pequim que se encontra actualmente na prisão, o Apple Daily é um tabloide destemido que mistura um discurso pró-democracia com notícias relativas à vida de celebridades e de poderosos. O foi durante anos uma dor de cabeça para as autoridades comunistas.
Foi grande a comoção quando milhares de apoiantes do jornal, que enfrenta uma pressão implacável desde que o magnata Lai foi preso nos termos da draconiana lei da segurança nacional, fizeram fila para conseguir os últimos exemplares da publicação pouco depois da meia-noite de quinta-feira.
“Não consegui dormir bem nas últimas noites”, disse Tse, antiga auxiliar médica de 60 anos que se apoiava num carrinho na fila perante um vendedor de jornais no distrito de Mong Kok: “Espero que os repórteres consigam manter-se fiéis às suas convicções e que continuem a trabalhar duro.”
Imensas filas – que se repetiram ao final da tarde em Macau – formaram-se em bancas por toda a cidade depois de uma última impressão emotiva na sede do jornal.
“Obrigado a todos os leitores, assinantes, anunciantes e residentes de Hong Kong por 26 anos de amor e apoio imensos”, disse o Apple Daily num artigo publicado na internet. “Aqui nos despedimos, cuidem-se.”
Alguns funcionários expressaram revolta e frustração com o encerramento da publicação: “(Depois de) hoje, não existe liberdade de imprensa em Hong Kong. Não consigo ver nenhum futuro em Hong Kong”, opinou Dickson Ng, paginador do jornal de 51 anos.
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