Um prédio de 12 andares situado frente ao mar desabou parcialmente na Flórida na quinta-feira, deixando pelo menos um morto e 99 desaparecidos. Uma grande operação de resgate desenrolou-se durante a noite com o objectivo de localizar eventuais sobreviventes.
Parte do edifício, situado na cidade de Surfside, a norte de Miami Beach, desabou por volta das 01h30, horário local, causando uma grande nuvem de poeira que se espalhou por várias ruas da localidade, de acordo com testemunhas: “Foram localizadas 102 pessoas e estão a salvo”, declarou a autarca do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, durante uma conferência de imprensa.
“Continuamos sem notícias de pelo menos 99 pessoas”, completou, explicando que as autoridades pediram a intervenção da agência americana de gestão de situações de emergência (FEMA).
Os bombeiros e as unidades caninas mobilizadas para o local continuam a trabalhar nos escombros: “Estamos a prepararmo-nos para receber notícias más dado o nível da destruição”, declarou o governador da Flórida, Ron DeSantis.
O presidente norte-americano, Joe Biden, declarou que o governo federal está pronto para colaborar nos esforços de ajuda e emergência e na busca por eventuais sobreviventes.
O senador republicano da Flórida, Marco Rubio, afirmou que “quase um terço dos desaparecidos são estrangeiros”: “Estamos a trabalhar com os consulados de vários países da América Latina para ajudar os familiares das vítimas que precisam vir aos Estados Unidos a obter vistos”, tweetou.
Latino-americanos entre os desaparecidos
Pelo menos 18 cidadãos latino-americanos continuam desaparecidos.
A irmã da primeira-dama paraguaia, Sophía López Moreira, o seu marido e os três filhos, além de uma funcionária, estão entre os desaparecidos, informou o ministro dos Negócios Estrangeiros Euclides Acevedo.
Silvana López Moreira, mulher do presidente paraguaio, Mario Abdo, preparava-se para viajar para Miami na tarde de quinta-feira, informou a presidência.
De acordo com uma nota do consulado argentino em Miami, há pelo menos nove argentinos desaparecidos. O cônsul do Uruguai na cidade, Eduardo Bouzout, disse que não tem notícias de três uruguaios.
Não estão claras ainda as causas do desabamento nem quantas pessoas estavam no edifício – habitado por uma combinação de residentes e inquilinos fixos e sazonais – no momento do incidente, de acordo com a comissária do condado de Miami-Dade, Sally Heyman: “É difícil contabilizar”, disse Heyman à CNN. “Ainda estamos à espera. E, infelizmente, a esperança ainda existe, mas está a diminuir”, completou.
“Como um terremoto”
O presidente da câmara de Surfside, Charles Burkett, confirmou uma morte.
Cerca de 55 apartamentos foram afectados pelo desabamento, de acordo com um responsável dos bombeiros de Miami-Dade, Ray Jadallah, que disse numa conferência de imprensa que os serviços de emergência retiraram 35 pessoas do imóvel.
De acordo com a imprensa local, o prédio foi construído em 1981 e tinha 130 unidades. O prédio estava a ser reabilitado, principalmente o telhado, disseram várias autoridades, que consideram improvável que essa seja a causa do desabamento.
Surfside é o lar de uma “comunidade predominantemente judaica”, explicou Levine Cava, acrescentando que vários rabinos se mobilizaram para fornecer apoio aos residentes judeus evacuados e aos seus entes queridos.
A cidade tem cerca de 2.500 residentes judeus numa população de 6.000 habitantes, informou a Agência Telegráfica Judaica em 2018. Os serviços de emergência enviaram cerca de 80 unidades de intervenção ao local do desabamento.
As operações de busca de pessoas podem durar “pelo menos uma semana”, afirmou o administrador da cidade, Andrew Hyatt.
Santo Mejil, um morador da área, disse que a sua esposa, uma trabalhadora doméstica , estava no prédio quando ele desabou: “Ela disse que ouviu uma forte explosão. Parecia um terremoto”, relatou ao jornal Miami Herald, soluçando quando a sua esposa ligou novamente para dizer que estava a ser evacuada do local.
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