O responsável por um dos principais sindicatos médicos do Japão defende na quinta-feira que realizar os Jogos Olímpicos em Tóquio, com dezenas de milhares de pessoas de todo o mundo, poderá levar ao aparecimento de uma linhagem “olímpica” do coronavírus.
O Japão promete sediar uns Jogos Olímpicos “seguros e protegidos” depois de um adiamento de um ano devido à pandemia, mas mostra dificuldade em combater uma quarta onda de infecções e prepara-se para prolongar o estado de emergência na maior parte do país.
As autoridades japonesas, os organizadores das Olimpíadas e o Comité Olímpico Internacional (COI) dizem que os Jogos se vão realizar mesmo, mas sob medidas rígidas de prevenção do vírus. Os espectadores estrangeiros foram proibidos, e uma decisão sobre a presença de adeptos japoneses é esperada no mês que vem.
Mas, mesmo com estas medidas, ainda há receios sobre o influxo de atletas e as autoridades ao Japão, onde a campanha de vacinação continua a pecar pela lentidão, têm estado sob fogo. Até ao momento, pouco mais de cinco por cento da população japonesa foi vacinada.
Com a previsão de chegada de pessoas de mais de 200 países e territórios, os Jogos programados para começar dentro de oito semanas representam um perigo, disse Naoto Ueyama, responsável pelo Sindicato de Médicos Japoneses: “Todas a linhagens mutantes diferentes do vírus, que existem em lugares diferentes, estarão concentradas e vão reunir-se aqui em Tóquio. Não podemos negar a possibilidade de uma nova linhagem do vírus poder emergir”, disse Ueyama numa conferência de imprensa-
“Se tal situação surgisse, poderia até significar uma linhagem do vírus das Olimpíadas de Tóquio ser baptizada assim, o que seria uma tragédia enorme e algo que seria alvo de críticas, se calhar durante 100 anos”, acrescentou.
Kenji Shibuya, director do Instituto de Saúde Populacional do King’s College de Londres que está a ajudar a promover a campanha de vacinação japonesa, minimizou riscos específicos que possam estar associados aos Jogos: “A mutação acontece quando o vírus permanece em pessoas imunocomprometidas ou parcialmente imunizadas durante um período de tempo longo”, disse Shibuya. “A situação actual no Japão é mais perigosa do que (durante) os Jogos de Tóquio, na minha opinião”.
O jornal Asahi Shimbun, um parceiro oficial das Olimpíadas de Tóquio de 2020, pediu num editorial publicado na quarta-feira que os Jogos sejam cancelados.
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