Pelo menos 5000 migrantes, incluindo um milhar de menores, chegaram esta segunda-feira ao enclave espanhol de Ceuta provenientes de Marrocos a nado ou a pé, disseram as autoridades espanholas, que citaram um recorde para um único dia.
Desde o início do dia, hordas de imigrantes começaram a a chegar a este território espanhol do norte de África a partir de praias marroquinas localizadas alguns quilómetros ao sul, disse à AFP um porta-voz da delegação governamental de Ceuta.
Nenhum dos imigrantes necessitou de ser hospitalizado e estão em boas condições de saúde, acrescentou a mesma fonte.
Questionado sobre a acomodação dessas pessoas, o porta-voz indicou que elas ficariam em barracões na praia do Tarajal, mas que as autoridades estão a analisar a situação dado seu número inédito.
Pouco depois das 20 horas, as chegadas parecem ter diminuído, disse o porta-voz, embora o fluxo não tenha cessado ao longo do dia.
Os migrantes chegavam por mar, às vezes em jangadas improvisadas ou botes insufláveis, e até a pé quando a maré permitia. Outros cruzaram a fronteira terrestre.
Até 15 de Maio, 475 migrantes tinham chegado a Ceuta em 2021, mais do que o dobro do número durante o mesmo período de 2020, de acordo com dados do Ministério do Interior espanhol.
As chegadas de migrantes ao enclave ocorrem num contexto de tensão entre Madrid e Rabat devido à presença na Espanha do líder do movimento de independência do Saara Ocidental.
O governo marroquino reagiu com indignação à notícia de que o chefe da Frente Polisário, Brahim Ghali, se encontra internado desde meados de Abril num hospital espanhol para ser tratado à Covid-19.
A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, luta há décadas pela independência do Saara Ocidental, uma antiga colónia espanhola controlada na sua maioria por Marrocos, que propõe no máximo uma autonomia sob sua soberania.
Ceuta e Melilla, o outro enclave da Espanha no norte da África, são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com África, o que as torna duas importantes portas de entrada para imigrantes irregulares em busca de uma vida melhor.
Os migrantes tentam aceder a esses dois enclaves vindos do Marrocos a nado ou pulando a cerca dupla que protege as suas fronteiras.
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