Cerca de duas dezenas de pessoas, a maior parte activistas da Associação Novo Macau, concentraram-se esta tarde frente às instalações da Teledifusão de Macau (TDM) para pedir à empresa que respeite a liberdade de imprensa, tal como está consignado na Lei Básica. A concentração, que contou com a presença dos deputados Sulu Sou e Au Kam San, terminou com os organizadores da iniciativa a exigirem responsabilidades ao Governo e a pedirem uma reunião com a Comissão Executiva.
Duas dezenas de pessoas, munidas de cartazes em que era feita a apologia de uma imprensa livre, concentraram-se a meio da tarde deste domingo frente às instalações da TDM para contestar as directrizes que foram comunicadas aos jornalistas do Canal Macau e para exigir que o direito à liberdade de imprensa, consagrado na Lei Básica, seja respeitado pelo Governo.
Num discurso proferido em cantonense e em inglês, o vice-presidente da Associação Novo Macau, Rocky Chan, defendeu que as ameaças à liberdade de imprensa superam as pressões a que estão sujeitos os profissionais da TDM: “O Governo não pode apenas fazer uma declaração de que respeita a liberdade de imprensa e depois não fazer nada”, defendeu o responsável
A Novo Macau, que convocou a concentração desta tarde na Rua Francisco Xavier Pereira, responsabiliza a Comissão Executiva da TDM por ter confrontado os jornalistas com uma linha editorial que os proíbe “de divulgar informações e opiniões que diferem das políticas governamentais”.
A Associação, que é representada pelo deputado Sulu Sou na Assembleia Legislativa, considera que as polémicas directrizes impedem factualmente a emissora pública de radio e teledifusão de cumprir de forma independente “a missão de monitorizar o Governo e relatar a verdade”: “Os jornalistas correm o risco de ser reduzidos a meros instrumentos de propaganda governamental”, defendeu Rocky Chan.
O vice-presidente da mais influente plataforma pró-democracia de Macau anunciou ainda que a Novo Macau solicitou uma reunião com à Comissão Executiva da TDM para procurar esclarecer os contornos de um caso que já resultou na demissão de pelo menos sete jornalistas: “Hoje entregámos uma carta à TDM a pedir uma reunião com a comissão executiva, para confirmar se houve algumas instruções”, afirmou o dirigente. “Solicitamos ainda ao Governo de Macau que deixe de fugir às suas responsabilidades na TDM e tome medidas práticas para salvaguardar e promover activamente a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, bem como a liberdade de pensamento e expressão de cada cidadão de Macau, tal como está prevista pela Lei Básica”, complementou Rocky Chan.
Para além de Sulu Sou, também o deputado Au Kam San – que cumpre os últimos meses no hemiciclo do território – marcou presença no evento, empunhando um cartaz onde se lia “Respeite o profissionalismo do jornalismo”.
A concentração foi também um grito de protesto contra o totalitarismo, com o activista Lee Kin Yun a fazer a saudação de três dedos que se tornou, um pouco por toda a Ásia, num gesto de resistência. Um outro manifestante empunhava um cartaz em que se lia “Tornámo-nos escória por causa do totalitarismo e da corrupção”.
Já depois do fim da concentração, a Teledifusão de Macau emitiu uma breve nota em que assegura que a liberdade de imprensa e as prerrogativas da Lei Básica são respeitadas: “A TDM respeita o exercício dos direitos legítimos, mas reitera que presta o serviço público de radiodifusão televisiva e sonora, como órgão de comunicação social da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), assumindo a responsabilidade social que lhe cabe, com a implementação da liberdade de imprensa consagrada na Lei Básica”, escreve a emissora pública de teledifusão.
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