A Associação de Jornalistas de Macau, uma das maiores organizações locais do sector, fez na terça-feira à noite um apelo a que o Governo proteja a liberdade de imprensa nos termos em que está consagrada na Lei Básica. O organismo, que presenta profissionais da comunicação social dos jornais de língua chinesa, lembra que os jornalistas não são “instrumentos de propaganda” depois da TDM ter exigido às redacções em língua portuguesa e inglesa que sigam uma política editorial de feições patrióticas.
Numa tomada de posição tornada pública na noite de terça-feira, a organização defendeu “que a liberdade de imprensa e de expressão de Macau não deve ser restringida” e que “os jornalistas não são meros instrumentos de propaganda de meios políticos”: “O Governo da RAEM deve reconhecer a sua contribuição, e comprometer-se a proteger a liberdade de imprensa como ordenada na Lei Básica”, pode ler-se.
A semana passada, a direcção dos serviços de rádio e de televisão em língua portuguesa da Teledifusão de Macau (TDM) reuniu-se com os jornalistas para lhes comunicar que estavam proibidos de divulgar informação e opiniões contrárias às políticas da China e do Governo de Macau. A recomendação levou organismos como a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), o Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal e a Associação de Jornalistas de Hong Kong a pronunciar-se sobre a matéria, criticando o teor das exigências formuladas.
Entre os pontos transmitidos verbalmente – e que foram discutidos numa reunião na segunda-feira que juntou à mesma mesa jornalistas e Conselho de Administração da empresa – constavam diretrizes contrárias ao próprio Manual editorial da empresa, como a TDM divulga e promove o patriotismo, o respeito e o amor à pátria e a Macau. Os profissionais da TDM terão sido lembrados que a empresa é um órgão de divulgação da informação do Governo Central da República Popular da China e de Macau e que os seus funcionários não divulgam informação ou opiniões contrárias às políticas do Governo Central da China ou às medidas adoptadas pelo Governo de Macau.
Na tomada de posição ontem tornada pública, a Associação de Jornalistas de Macau defendeu que os “executivos da TDM deveriam adoptar uma posição mais concreta na defesa da independência para a divulgação de notícias, e na reconstrução da confiança do seu pessoal repórter”: “Quanto ao período de nomeação dos dois directores [João Francisco Pinto e Gilberto Lopes ] para o departamento noticioso português ter sido subitamente encurtado para meio ano, até Setembro deste ano, a TDM tem a responsabilidade de explicar melhor a fundamentação dessa acção, a fim de esclarecer as dúvidas do público”, assinalou a associação.
A associação defende também que “só através do reflexo das vozes pluralistas na (…) sociedade é que o Governo pode efectivamente compreender os acontecimentos da sociedade, e melhorar ainda mais as suas políticas”: “Para que o mundo compreenda a implementação bem-sucedida de ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau, devem ser ouvidas vozes credíveis proferidas pelos profissionais dos meios de comunicação locais”, remata a organização.
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