O deputado Sulu Sou insurgiu-se contra o posicionamento da direcção de informação do canal em língua portuguesa da Teledifusão de Macau, que notificou esta semana os jornalistas da estação pública de rádio e teledifusão de Macau que se devem abster de divulgar informações e opiniões contrárias aos interesses e às políticas da República Popular da China.
O deputado, que representa no hemiciclo a mais influente plataforma pró-democracia de Macau, considera que as autoridades já estariam a tentar coibir as redacções em língua portuguesa e inglesa da TDM há cerca de uma década e defendeu que, apesar da TDM ser alimentada com dinheiros públicos, o “Governo deve respeitar altamente o profissionalismo e a autonomia dos meios de comunicação”, disse o deputado, citado pela agência Lusa.
Os jornalistas que integram as redacções em língua portuguesa e inglesa do Canal Macau e da Rádio Macau foram convocados na quarta-feira para uma reunião com a direcção de informação, durante a qual terão sido notificados verbalmente de que a TDM tem como prerrogativa divulgar e promover o patriotismo, bem como o respeito e o amor pela pátria e por Macau.
Os cerca de 40 jornalistas da estação que têm como língua de trabalho o português e o inglês foram ainda recordados de que a TDM é um órgão de divulgação da informação do Governo Central da República Popular da China e de Macau e avisados de que o pessoal da TDM não divulga informação ou opiniões contrárias às políticas do Governo Central da China e apoia as medidas adoptadas por Macau.
Os profissionais da estação pública de radiodifusão foram ainda informados que o não cumprimento das directrizes dá azo a despedimentos por justa causa.
Durante a reunião de quarta-feira, e de acordo com a informação veículada na imprensa local, foi dito ainda que para a concretização das novas directrizes, a Comissão Executiva fará os ajustamentos necessários tanto ao nível da sua estrutura, como do pessoal e da programação. Na sequência da reunião, o chefe do Departamento de Informação em Língua Portuguesa do Canal Macau, João Pedro Marques, terá colocado o lugar à disposição.
Contactados pela agência Lusa, o director e o diretor adjunto de informação e programas portugueses na TDM, João Francisco Pinto e Gilberto Lopes, respectivamente, escusaram-se a comentar o caso por dizer respeito a assuntos internos da empresa.
O Jornal Tribuna de Macau tinha noticiado um dia antes das novas directrizes terem sido apresentadas que os dois responsáveis viram os seus contratos renovados por mais seis meses, quando o habitual é que a renovação seja conduzida pelo período de um ano.
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