Suiça. “Sim” em vantagem no referendo pela proibição da burca

O referendo realizado este domingo na Suíça e que visa proibir que o rosto seja coberto em público, uma medida que visa as poucas mulheres que usam o niqab e a burca, está acirrado, com o “sim” em vantagem nas primeiras projecções.

Pouco depois das 11h30 GMT, as primeiras projeções do instituto gfs.bern e do serviço público de audiovisual suíço apontavam o ‘sim’ à proibição como vencedor com 51 por cento, mas as projecções apresentam uma margem de erro de três pontos.

Se o ‘sim’ vencer, a Suíça seguirá os passos da França, da Áustria, da Bulgária, da  Bélgica e da Dinamarca a proibir o véu completo, após anos de debate.

Se o texto não menciona a burca (uma espécie de túnica longa que cobre as mulheres da cabeça aos pés e tem uma rede na altura dos olhos) ou o niqab (que cobre completamente o corpo e o rosto, excepto os olhos), todos sabem a quem a proposta se refere. Para quem não entendeu, mulheres com um niqab aparecem nos cartazes da campanha “Acabar com o Extremismo”.

Por sua vez, os cartazes dos opositores da iniciativa apelam ao voto “não a uma lei islamofoba, absurda e inútil”.

Se a iniciativa for aprovada, será proibido cobrir completamente o rosto em público, embora estejam previstas excepções, por exemplo, para locais de culto: “O objectivo da iniciativa não são os muçulmanos. Não questionamos as suas práticas religiosas”, disse à AFP Jean-Luc Addor, porta-voz do ‘sim’ e membro do partido populista de direita UDC. Para ele, trata-se de defender “os valores da nossa civilização”.

Addor reconhece que existem muito poucas mulheres que usam esse tipo de vestimenta na Suíça. Mas, “quando um problema é identificado, deve ser resolvido antes que saia de controlo”.

Muitas organizações feministas opõem-se à proibição: “Além de inútil, este texto é racista e sexista. Em pleno 2021, como feministas, não é aceitável que a Constituição suíça tenha um artigo que ordene ou proíba as mulheres, seja ela quem for”, disse à AFP Inés El Shikh, porta-voz do colectivo feminista muçulmano “Lenços Violetas”.

Para El Shikh, o projeto de lei cria a ilusão de um problema onde não há nenhum e diz respeito a apenas algumas dezenas de mulheres.