O antigo presidente norte-americano Donald Trump disse este domingo que considera disputar novamente a presidência em 2024, ao reafirmar o que diz ser o seu domínio sobre o Partido Republicano, e alertou para uma “luta” pela sobrevivência dos Estados Unidos.
Ecoando a política de queixas que efectuou na sua campanha de 2016 e a retórica dura do seu mandato, o antigo presidente, de 74 anos, dirigiu-se a uma plateia entusiasmada durante a Conferência de Acção Política Conservadora (CPAC), realizada em Orlando, na Flórida.
No seu primeiro discurso relevante desde que deixou a Casa Branca, em 20 de Janeiro, Trump repetiu as suas afirmações sem provas de que foi o verdadeiro vencedor da última eleição presidencial, e não o candidato democrata, Joe Biden, e criticou os republicanos que votaram contra ele no último processo de impeachment: “Com a vossa ajuda, retomaremos a Câmara, conquistaremos o Senado e, então, um presidente republicano fará um retorno triunfal à Casa Branca, e me pergunto quem será?”, disse Trump, sendo ovacionado. “Quem sabe?”, deixou no ar, sobre os seus potenciais planos. “Posso até decidir vencê-los pela terceira vez, ok?”
Banido do Twitter e de outras redes sociais, Trump mantém um perfil pós-presidencial discreto no seu resort de Mar-a-Lago: “Estamos numa luta pela sobrevivência dos Estados Unidos tal qual o conhecemos. Esta é uma luta terrível, dolorosa. Em última instância, vencemos sempre”, afirmou o ex-presidente, que descartou os rumores de que poderia usar a sua base de apoio para criar um novo partido político: “Temos o Partido Republicano. Ele vai unir-se e se tornar-se mais forte do que nunca.”
No seu discurso, que se prolongou por 90 minutos, Trump atacou Biden, afirmando que o democrata acabou de concluir um primeiro mês “desastroso” na Casa Branca. Também criticou os imigrantes e a “cultura do cancelamento”, as políticas de Biden para as mudanças climáticas e o sector energético, e insistiu que “atitudes ilegais” dos democratas lhe custaram a reeleição.
O antigo presidente também apontou aos republicanos que considera que o traíram, num forte sinal de que tentará ajudar a derrubá-los nas próximas eleições. Trump citou pelo nome os 10 republicanos que votaram a favor do seu impeachment na Câmara dos Representantes e os sete republicanos que votaram, sem sucesso, para o condenar no Senado.
Trump mantém-se como a principal força do Partido Republicano, deixando que está ciente quando descreveu seu próprio apoio como “o activo mais poderoso na política”.
Numa sondagem feita durante a conferência, sete em cada 10 entrevistados disseram desejar uma nova candidatura de Trump. Sobre o rumo do partido, o apoio ao Trumpismo mostrou-se sólido, com 95 por cento dos entrevistados a apoiarem a continuidade das políticas e da agenda do ex-presidente.
Questionados sobre quem preferem como candidato do partido em 2024, 55 por cento escolheram Trump, com o governador da Flórida, Ron DeSantis, em um distante segundo lugar, com 21 por cento. O estratega republicano Karl Rove declarou, no entanto, que esperava um resultado mais expressivo para Trump, principalmente num evento tão favorável ao antigo presidente. “Eu interpreto isto como uma nota de advertência”, disse à Fox News.
Para alguns republicanos, como o senador Bill Cassidy, que votou para condenar Trump, deixar de ser um bilionário impetuoso é fundamental: “Os republicanos podem vencer abordando as questões importantes para o povo americano, e não colocando alguém num pedestal”, declarou à CNN.
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