Hong Kong. Centenas na rua para apoiar activistas pró-democracia

Centenas de pessoas reuniram-se, esta segunda-feira, frente a um tribunal de Hong Kong, em apoio aos 47 opositores pró-democracia acusados de “subversão”. Desde 2020, Pequim tem vindo a apertar o cerco a qualquer tipo de oposição na antiga colónia britânica, na sequência dos gigantescos protestos de 2019.

Uma das principais ferramentas dessa repressão é a Lei de Segurança Nacional, em virtude da qual os 47 activistas foram acusados de “subversão” no domingo.

A decisão foi condenada pelas capitais ocidentais, a começar por Washington e Londres, que acusam Pequim de não cumprir a sua promessa de preservar as liberdades de Hong Kong.

A audiência desta segunda, na qual as acusações foram confirmadas, foi a ocasião para um protesto que não se via na cidade há vários meses.

As proibições para combater o coronavírus permitiram às autoridades impedir quase qualquer tipo de manifestação pública de dissensão.

Centenas de pessoas, porém, apareceram esta manhã no tribunal de Kowloon na esperança de entrar dentro do edifício.

“Libertem Hong Kong”

“Libertem os presos políticos”, “defendam Hong Kong”, gritavam alguns dos manifestantes. “Libertem Hong Kong, a revolução do nosso tempo”, diziam outros, ecoando o leitmotiv da mobilização de 2019, um lema que agora é ilegal ao abrigo da Lei de Segurança Nacional.

Algumas pessoas usaram a saudação de três dedos, um símbolo de resistência em vários países asiáticos, como a Tailândia e o Myanmar.

Alunos de uma escola próxima também foram ouvidos a aplaudir os réus a partir  das janelas do estabelecimento de ensino.

A tensão aumentou quando a polícia exibiu placas em que avisava que a manifestação era ilegal. Mas a multidão não dispersou.

Kwan Chun-sang, um vereador local, disse que passou a noite na rua perto do tribunal para garantir que era um dos primeiros a aceder aos bancos públicos do tribunal: “Pouco depois da perseguição que foi lançada ontem, decidi vir e passar a noite aqui”, disse à AFP. “Quero mostrar o meu apoio aos militantes pró-democracia”.

Um pequeno grupo de partidários do governo também aguardava no tribunal em apoio às autoridades: “Punam severamente os traidores, apliquem as leis de segurança e coloquem-nos atrás das grades”, dizia uma faixa.

Os 47 acusados representam um espectro muito amplo da oposição local, com antigos deputados como Claudia Mo, académicos como Benny Tai, advogados, assistentes sociais e muitos activistas jovens como Joshua Wong, já detido devido a um outro caso.

Os acusados eram tão numerosos que três salas do tribunal foram reservadas.

Os activistas foram acusados pelas primárias da oposição, nas quais participaram 600 mil pessoas em Julho, para aproveitar a imensa popularidade da mobilização de 2019 nas eleições legislativas marcadas para Setembro, finalmente adiadas por um ano a pretexto do coronavírus.

As primárias desencadearam a ira da República Popular da China, que considerou o acto uma “grave provocação”, uma tentativa de paralisar o governo local, e alertou que a campanha poderia enquadrar-se na categoria de “subversão” pela Lei de Segurança Nacional.

A maioria dos candidatos foi posteriormente desqualificada pelas autoridades, mas os críticos de Pequim acreditam que a rejeição das primárias significa, em última análise, que qualquer forma de oposição agora é ilegal em Hong Kong.

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