A Polícia espanhola prendeu esta terça-feira o rapper Pablo Hasel, que se tinha barricado na segunda-feira na Reitoria da Universidade de Lérida, no nordeste do país, para evitar a prisão, depois de ter sido condenado por crimes de enaltecimento do terrorismo e injúrias à Coroa.
Dezenas de agentes das forças de segurança da região da Catalunha entraram no edifício para o deter, pois o prazo para entrar voluntariamente na prisão, para cumprir uma pena de nove meses, terminou na passada sexta-feira.
O artista tinha avisado nesse dia no Twitter que seria preciso “sequestrá-lo” para entrar na prisão.
Um dispositivo policial formado por dezenas de agentes e vinte carrinhas da polícia foram destacados a partir das 6.30 horas (5.30 GMT) desta terça-feira nas proximidades da reitoria para proceder com a detenção de Hasel.
O rapper trancou-se na Universidade de Lérida “para tornar mais difícil possível o trabalho da polícia” e com o objectivo, segundo disse à Efe, de dar atenção ao que considera um “ataque muito grave” contra a liberdade: “Não nos vão dobrar mesmo com toda a repressão, nunca!”, exclamou esta terça-feira ao ser detido.
A polícia conseguiu contornar as barricadas que tinham sido colocadas nas entradas do edifício pelos cinquenta activistas encerrados com Hasel, que foram encurralados pelos agentes para procederem à detenção do artista.
Os activistas refugiaram-se no terceiro andar do edifício enquanto atiravam alguns objectos contra a polícia, que os conseguiram conter e identificar.
Esta segunda-feira, a Audiência Nacional espanhola voltou a rejeitar a suspensão da execução da sentença, recordando que em 2017 foi condenado por um crime de resistência ou desobediência à autoridade; e em 2018 por entrada ilegal num local.
Pablo Hasel foi condenado a nove meses de prisão, seis anos de inabilitação e a uma multa de quase 30.000 euros por delitos de enaltecimento do terrorismo e insultos contra a Coroa e contra as instituições do Estado espanhol.
Casos como o de Hasel geraram um amplo debate em Espanha sobre os limites à liberdade de expressão, e o Governo do socialista Pedro Sánchez anunciou que está a estudar uma reforma legal para restringir que excessos verbais sejam considerados crime no contexto de manifestações artísticas, culturais ou intelectuais.
O seu parceiro no Executivo, o Unidos Podemos, pediu um indulto ao rapper, que recebeu apoio dos campos intelectual, cultural, artístico e jornalístico, com manifestos assinados pelo célebre cineasta Pedro Almodóvar ou pelo cantor Joan Manuel Serrat, entre outros, enquanto organizações como a Amnistia Internacional (AI) consideraram a prisão injusta e desproporcionada.
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