O dia 27 de Dezembro de 2020 foi uma data histórica em Portugal. Foi o dia em que foi administrada a primeira dose da vacina anti-Covid 19 . A escolha simbólica do primeiro vacinado recaiu num médico, pela importância que a profissão adquire, a par dos restantes profissionais de saúde, no combate à pandemia.
Jorge Sales Marques/Pediatra
O tal milagre de que todos nós estávamos à espera aconteceu mais cedo do que prevíamos, fruto do esforço de muitas pessoas e também de uma forte pressão política e social, para que as grandes farmacêuticas acelerassem o processo de produção da vacina.
A seguir a este estado eufórico e de esperança, que contagiou a grande maioria da população, seguiu-se o cais e a total descoordenação por parte dos responsáveis, ao ponto de termos atingido uma situação de completa desordem .
No momento de distribuir as vacinas pelos diversos grupos prioritários, que inicialmente deveriam incluir os profissionais de saúde e os idosos , gerou-se uma onda de protestos pelo não cumprimento do que estava previamente combinado e que tinha sido aconselhado pela União Europeia.
Como o título deste artigo deixa subjacente, não se entende o porquê de tanta polémica à volta desse assunto .
Qualquer aluno da escola primária, sabe que 2+2 = 4. Se num centro
de saúde estiverem dez profissionais na lista de prioridades e se cada ampola é utilizada em cinco pessoas depois de estar aberta, naquele centro devem ser entregues duas ampolas para que estes mesmos profissionais sejam vacinados .
A contagem deve ser bem feita aquando da sua distribuição para que não haja desperdício. A coordenação é crucial nesta fase .
Se o comandante falha , os seus subordinados acabam por ser menos rigorosos na sua actuação .
Os constantes imbróglios na definição dos grupos prioritários e o posterior aproveitamento ilegal por parte de centenas de pessoas das doses, em alguns casos para que se evitasse o desperdício, só prova que mais uma vez falhamos no essencial; na organização.
Somos conhecidos por sermos um país com capacidades incríveis na organização de grandes eventos desportivos e os elogios ainda hoje se fazem ouvir, muitos anos depois.
Vamos fazer uso desta energia positiva para ajudar as nossas mentes brilhantes nesta fase crucial da pandemia. A vacinação da boa parte da população, deverá ser o objectivo de todos os grupos envolvidos .
A atitude de quem se aproveita deste momento para usufruir daquilo que não lhe pertence , é pura e simplesmente lamentável. Vamos todos lutar contra a Covid- 19 , de uma forma coordenada , responsável e inteligente .
A união faz a força e Portugal provou várias vezes na nossa história que somos um povo valente , lutador e ganhador. Estamos, de novo, na hora de verdade . Do tudo ou do nada. Façamos tudo para que , unidos na luta , consigamos estar suficientemente fortes para derrubar este odioso vírus .
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