Indonésia. Corrida contra o tempo para resgatar sobreviventes de abalo sísmico

As equipas de socorro redobraram este sábado os esforços para encontrar sobreviventes após o forte terremoto que atingiu a ilha indonésia de Sulawesi ao início da madrugada de sexta-feira e que deixou dezenas de mortos e centenas de feridos.

Pelo menos 46 pessoas morreram no terremoto de magnitude 6,2 que ocorreu às primeiras horas da madrugada e gerou uma onda de pânico entre os habitantes do oeste da ilha de Sulawesi, arquipélago que foi palco de uma catástrofe similar em 2018. Dezenas de corpos foram recuperados até agora entre os escombros de edifícios que ruíram em Mamuju, a capital da província de Sulawesi ocidental, assim como no sul da regão, onde houve uma forte réplica neste sábado pela manhã.Ao mesmo tempo, as famílias começam a enterrar as vítimas, de acordo com o testemunho de um jornalista da AFP.

Aviões e barcos chegaram este sábado a Sulawesi com mantimentos e material de emergência. A Marinha enviou um navio com ajuda médica para apoiar os dois únicos hospitais que ainda funcionam em Mamuju e que estão lotados com pessoas feridas, de acordo com a imprensa local. As autoridades informaram que há ao menos 190 feridos em estado grave

As autoridades não especificaram quantas pessoas podem estar presas sob os escombros dos edifícios. Entre os prédios que ruíram está um hospital com uma dezena de pacientes e membros da equipe médica no interior.

A falta de materiais dificulta os esforços dos funcionários das equipas de socorro, que lutam contra o tempo para retirar as vítimas dos escombros. Enquanto isso, milhares de habitantes procuram um tecto em abrigos precários ou em barracas, devido às intensas chuvas: “Estamos sem comida. Ainda não chegou a ajuda do governo”, disse à AFP Desti, de 24 anos, que teve que sair à pressa da sua casa, situada muito perto do epicentro do terremoto: “Precisamos de mantas e colchões. Algumas pessoas estão a dormir debaixo de folhas de coqueiro”, explica esta jovem, que como muitos indonésios tem só um nome. A mulher destaca que muitas famílias temem voltar para casa por receio  de réplicas. No total, cerca de 15.000 habitantes acorreram a refúgios temporários.

Risco de tsunami

O papa Francisco disse estar “triste” pelo terremoto e enviou a sua “solidariedade” para com todos os afectados, de acordo com um comunicado do Vaticano. “Rezo pelo descanso dos mortos, pela recuperação dos feridos e pela consolação de todos os que estão de luto”.

O terremoto também provocou deslizamentos de terra que cortaram o acesso a uma das principais estradas da província.

A agência meteorológica e geofísica alertou sobre a possibilidade de novos tremores e pediu aos habitantes que evitem a orla costeira por causa do risco de tsunami.

A ONG Save the Children pediu que se cuide em particular dos mais jovens: “Embora ainda se desconheça a magnitude da catástrofe, sabemos que as crianças são geralmente os mais vulneráveis depois de um desastre”, escreve a organização. “É essencial que a resposta prioritária se concentre nas crianças, que viram a morte de familiares ou foram separadas dos seus pais”, acrescentou.

O terremoto de magnitude 6,2, segundo o Instituto de Geofísica dos EUA (USGS), aconteceu na sexta-feira às 02h18 hora local. O epicentro situou-se a cerca de 36 quilómetros  ao sul de Mamuju, a uma profundidade de 18 quilómetros, informou o USGS.

O arquipélago indonésio está situado no chamado Cinturão de Fogo do Pacífico, uma área de forte actividade sísmica e vulcânica.

A região de Palu, na ilha de Sulawesi, foi afectada em Setembro de 2018 por um violento tremor de terra de magnitude 7,5 seguido por uma tsunami devastadora. Esta catástrofe deixou mais de 4.300 mortos e desaparecidos e pelo menos 170.000 deslocados.

Outro terremoto terrível de magnitude 9,1 foi registado nas costas de Sumatra em Dezembro de 2004 e provocou uma tsunami que matou 220.000 pessoas na região, 170.000 delas na Indonésia.

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