Brasil. Colapso de hospitais leva a recolher obrigatório no Amazonas

O estado do Amazonas anunciou na quinta-feira a imposição de um período de recolher obrigatório durante 10 dias devido ao colapso do seu sistema de saúde, causado pela pandemia de Covid-19, que deixou os hospitais sem oxigénio para os pacientes, transformando os quartos em câmaras de asfixia.

“Há um colapso no atendimento de saúde em Manaus”, reconheceu o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, lembrando que a região foi uma das mais afectadas em Abril passado, no começo da pandemia.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram pessoas a levarem cilindros de oxigénio para os hospitais e pacientes a reclaramarem da falta de atendimento médico: “Acabou o oxigénio e algumas unidades de saúde viraram uma espécie de câmara de asfixia”, declarou à AFP Jessem Orellana, da Fundação Fiocruz-Amazónia.

“Aqui não há camas vazias, nem oxigénio, nada, a gente tá só na fé”, disse Luiza Castro, moradora da capital da Amazónia. “Estamos no momento mais crítico da pandemia”, disse o governador do Amazonas, Wilson Lima.

A Amazónia “produz quantidades significativas de oxigénio, mas hoje o nosso povo precisa de oxigénio e solidariedade”, afirmou. Lima acrescentou que vários pacientes serão transferidos para outros estados.

Cerca de 400 cilindros de oxigénio foram entregues pelos militares nos últimos cinco dias para colocar cobro à procura. O recolher obrigatório será aplicado a partir de sexta-feira, das 19 horas às seis da manhã.

O Brasil está a braços com um agravamento da pandemia, que já deixou mais de 205 mil mortos, um balanço superado apenas pelos Estados Unidos da América.

A média nacional de óbitos é de 98 por 100.000 habitantes, mas no estado do Amazonas chega a 142/100.000. Apenas o Rio de Janeiro (158) e o Brasília (145) o superam.O Brasil prepara-se para iniciar a sua campanha de vacinação contra a Covid-19 provavelmente a partir deste mês. De acordo com dados de Manaus, a cidade registou o quarto recorde diário consecutivo de enterros: 198 pessoas foram sepultadas na quarta-feira, sendo que 87 morreram devido à Covid-19.

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