A Liga Nacional pela Democracia, o partido político liderado pela Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi, conseguiu conquistar a maioria absoluta no Parlamento de Myanmar nas eleições do domingo passado, segundo os dados oficiais divulgados esta sexta-feira.
A Comissão Eleitoral, que continua com a lenta contagem, confirmou que o partido conseguiu 346 assentos, o que o permite governar sozinho, embora a Constituição redigida pela extinta junta militar birmanesa conceda um papel fundamental ao poderoso Exército, que tem garantidos três ministérios e um quarto do Parlamento.
Com esses dados, a Liga Nacional pela Democracia soma, no momento, 24 assentos além dos 322 necessários para ter a maioria no Parlamento, uma vitória contundente que pode ser ampliada: 64 vagas ainda estão em disputa.
Após a vitória nas eleições de 2015, que concluiu a transição iniciada cinco anos antes para o que os militares chamam de “democracia disciplinada”, Suu Kyi foi criticada internacionalmente pelas políticas contra a minoria rohingya, mas os votos nas urnas mostraram que a sua popularidade no país continua alta.
O grande perdedor das eleições, até ao momento com 24 assentos, é o Partido da Solidariedade e Desenvolvimento da União, principal partido da oposição criado pela junta militar que governou o país durante os últimos anos da ditadura e que ocupou o poder entre 2011 e 2015.
Na quarta-feira passada, quando a contagem já indicava uma clara vantagem da Liga, a oposição recusou aceitar os resultados, denunciou uma suposta fraude eleitoral e propôs a repetição da votação, que desta vez foi supervisionada pelas Forças Armadas.
O Carter Center -organização criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter que enviou observadores no dia das eleições- emitiu na terça-feira um comunicado que afirmava que “os eleitores puderam expressar a sua vontade livremente nas urnas e eleger os seus representantes”, mas criticou o sistema constitucional e a negação do voto a algumas minorias étnicas.
Os militares têm 166 lugares reservados, 25 por cento do Parlamento, conforme a Constituição redigida por eles próprios e aprovada em 2008, o que na prática dá direito de veto para modificar a Carta Magna, que também lhes concede os influentes ministérios da Administração Interna, Fronteiras e Defesa.
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