“Nomadland” ganha Leão de Ouro em Veneza

“Nomadland”, da americana Chloe Zhao, ganhou neste sábado o Leão de Ouro de melhor filme na 77ª edição do Festival de Veneza. A cineasta americana de origem chinesa, 38, é a primeira mulher a receber o renomado prémio em 10 anos, com um filme comovente sobre os trabalhadores nómadas nos Estados Unidos da América.

Um filme comovente sobre os trabalhadores nómadas realizado por uma jovem cineasta sino-americana sagrou-se no sábado vencedor do Festival de cinema de Veneza, que também premiou a distopia feroz do mexicano Michel Franco.

Com “Nomadland”, a americana Chloe Zhao, de 38 anos e de origem chinesa, tornou-se a primeira mulher a receber o Leão de Ouro em uma década. Aplaudida pelo público e pela crítica, Zhao foi recompensada por um filme sobre os “cidadãos invisíveis”, pessoas que se deslocam de carrinha por todo o país à  procura de trabalho. A película é protagonizada pela premiada actriz Frances Mcdormand, vencedora de dois Oscares.

“Muito obrigada por este Leão de Ouro!”, agradeceram as duas num vídeo gravado nos Estados Unidos, uma vez que não puderam viajar devido  às restrições sanitárias impostas devido à pandemia de Covid-19.

O filme foi uma das poucas produções americanas que participaram no festival. A obra foi dirigida, escrita e montada por Zhao, e conta a história nostálgica da vida na estrada. A produção entra para a lista de candidatos ao Oscar, como aconteceu com “Joker”, de Todd Phillips, no ano passado.

O júri do Festival de Veneza, presidido pela actriz australiana Cate Blanchett, premiou também o mexicano Michel Franco, que conquistou o Leão de Prata – Grande Prêmio do Júri, por “Nuevo Orden”, uma metáfora do México e do mundo moderno, afectado por diferenças sociais, racismo e desigualdades.

“Comecei este filme há cinco anos e não fazia ideia de que esta distopia que imaginava estivesse tão próxima da realidade, com as manifestações no Chile, na Colômbia, em Hong Kong e o movimento Black Lives Matter”, comentou Franco, de 41 aos, ao receber o prémio em Veneza. “Não quero ser pessimista. Fiz este filme para que as coisas mudem. Temos que acreditar no futuro.”

O Leão de Prata para a melhor realização foi para o japonês Kiyoshi Kurosawa, por “Wife of a Spy”. Quanto aos intérpretes, a britânica Vanessa Kirby, conhecida pela série “The Crown”, levou o prémio para a melhor actuação pelo seu primeiro papel como protagonista, no filme “Pieces of a Woman” de Kornel Mundruczo.

O actor italiano Pierfrancesco Favino foi premiado por “Padrenostro”, de Claudio Noce, história ambientada durante os chamados “anos de chumbo” na Itália.

O primeiro festival da era do coronavírus não registou nenhum contágio e terminou com um balanço positivo. Sem as grandes figuras de Hollywood e os caçadores de selfies no tapete vermelho, o evento foi realizado em condições particulares, seguindo medidas sanitárias rigorosas, sem filas ou aglomerações e com os convidados a respeitarem o distanciamento social.

O primeiro grande festival internacional realizado durante a pandemia durou 10 dias e será lembrado como a edição das máscaras, que cobriram o rosto dos artistas, organizadores e jornalistas.

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