Hong Kong. Autoridades proíbem manifestação do 1º de Julho

O Governo da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong proibiu este sábado a realização de uma manifestação pró-democracia a 1 de Julho próximo, dia em que se assinala o aniversário da transferência da soberania entre o Reino Unido e a República Popular da China. As forças de segurança justificaram a proibição com “a persistente agitação social” de que o território tem sido palco.

“A Polícia de Hong Kong estudou os riscos e acredita que alguns participantes na assembleia e na marcha pública podiam abandonar o percurso autorizado e vandalizar edifícios”, informou, na sua página do Facebook, a Frente Civil dos Direitos Humanos (FCDH), o grupo pró-democracia que se propôs organizar a manifestação.

É a primeira vez nos últimos 17 anos que o protesto é proibida pelas autoridades da antiga colónia britânica. As forças de segurança do território vizinho invocaram os episódios recentes de violência que se verificaram em protestos do género.

Em carta dirigida à FCDH,  as forças de segurança avisam ainda que a manifestação violaria as regras impostas pelo Governo de contenção da pandemia covid-19, que impedem a reunião em espaços públicos de mais de meia centena de pessoas.

As autoridades policiais defendem ainda que a FCDH “não tem capacidade” para controlar eventuais actos de violência praticados por manifestantes: “É de admitir que esses actos de violência iriam ameaçar a segurança de outros participantes, cidadãos, jornalistas e agentes de polícia”, referem

A Polícia de Hong Kong já tinha usado argumentos semelhantes para proibir, pela primeira vez nos últimos 30 anos, a vigília anual que recorda as vítimas do massacre de Tiananmen, a 4 de Julho. Muita gente, no entanto, acabou por não acatar a proibição e concentrou-se no Victoria Park, não se tendo verificado actos de violência ou outros incidentes.

Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong,  tem negado sistematicamente que existam motivações políticas por detrás destas proibições, invocando a necessidade de manter as regras de distanciamento social por causa da covid-19.

No último ano, a situação em Hong Kong deteriorou-se muito, em parte devido ao impacto na economia dos protestos pró-democracia.

O Produto Interno Bruto caiu 2,8 por cento e 3 três por cento nos dois últimos trimestres de 2019 e quase 9 por cento nos primeiros três meses deste ano.

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