Isto, na imagem que acompanha este texto, é a Assembleia Legislativa de Macau, o equivalente à Assembleia da República. Em Macau, o fantasma do surto reacendeu-se no domingo por causa de um caso importado de Portugal, ao fim de quarenta dias sem qualquer novo episódio de contágio. Mesmo em fase de rescaldo, a máscara continua a ser parte integral e integrante do nosso quotidiano. Não há, dos políticos aos varredores de rua, quem as não use.
Em Portugal e na velha Europa, berço de muitos dos melhores aspectos que nos distinguem enquanto espécie, os líderes políticos continuam a entrar pelas vossas casas adentro sem máscara, como se não fosse deles o dever de dar o exemplo. Bem sei que a maior parte de vós já não foi a tempo de as comprar, mas há quem as tenha e não as use porque o uso de máscara tornou-se um estigma social quando devia ser um exemplo de altruísmo e de respeito pelo outro.
Não sei como se chegou a este ratoeira, mas mais do que uma crise de humanidade, aquilo a que se assiste por toda a Europa é a um colapso civilizacional. Desde que a gripe espanhola varreu o planeta, há cem anos, o Homem pisou a Lua, fintou doenças como a poliomielite e a varíola, inventou o computador e o computador encolheu o mundo.
E no entanto, há cem anos, todos usavam máscaras. Eram, porventura, bem mais rudimentares, mas ninguém questionava a utilidade que teriam. Em cem anos tanto que inovamos e tão pouco que evoluímos. Se tiver máscara use-a. Se não tiver, improvise. Adapte e adapte-se. Por si, mas também pelos outros. Pelos que mais ama e pelos que não conhece de lado nenhum. O barco é o mesmo. Não deixemos que afunde.
De quem, mesmo longe, sofre convosco.
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