Cunha Alves representa Portugal nas cerimónias dos 20 anos da RAEM

O cônsul-geral em Macau, Paulo Cunha Alves, representará Portugal nas cerimónias do 20.º aniversário da transferência da administração da soberania de Macau para a República Popular da China, confirmou na sexta-feira o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Em declarações à agência Lusa, o governante apontou que “a tradição das autoridades chinesas é comemorarem internamente as efemérides da transição”, prática que Augusto Santos Silva disse “perceber” porque, acrescentou, “é um assunto interno da República Popular da China”.

“Nós não recebemos um convite para representação ao nível político e estaremos representados ao nível diplomático adequado que é o do cônsul-geral em Macau, o embaixador Cunha Alves. E evidentemente trocaremos mensagens como fazemos sempre”, referiu o ministro.

Augusto Santos Silva falava à margem da conferência “Macau como plataforma Sino-Lusófona, 20º aniversário da transferência de soberania de Macau de Portugal para a República Popular da China”, que decorreu na sexta-feira, no Palácio da Bolsa, no Porto.

Na sua intervenção, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros apontou que a relação entre Portugal e a China “corre bem” porque “é absolutamente clara” e enumerou as razões e os momentos históricos de uma “clareza e independência recíprocas”, que descreveu como “muito importantes”: “Portugal e a China conhecem-se há mais de meio milénio. Nunca estiveram numa relação de hostilidade e várias vezes estiveram em relações de cooperação e de cooperação bastante estreita. Várias equipas trabalharam para que a transição acontecesse sem percalços e para garantir que a transferência fosse feita sem dificuldades”, descreveu Santos Silva.

Para o ministro, “ambos os países têm cumprido escrupulosamente as directrizes da chamada Lei Básica que é vigente nos primeiros 50 anos da transição”.

O ministro destacou que Portugal e a China “compreendem que pertencem a espaços geopolíticos diferentes” e que “são Estados que se governam por regimes políticos diferentes”, e que “não têm de impor a sua visão um ao outro”: “Muitas vezes divergimos e muitas vezes convergimos. O respeito pela soberania um do outro é muito importante. Portugal faz questão de cultivar a sua relação com a China sempre no quadro das alianças a que pertence”, frisou.

O ministro salientou: “A relação com a China não se faz apesar de sermos membros da União Europeia, da NATO, da CPLP, ou das Nações Unidas. Mas faz-se exatamente porque somos membros das Nações Unidas, da CPLP, da NATO ou da União Europeia”.

Augusto Santos Silva acrescentou que “há um interesse recíproco para que esta relação progrida”: “É muito importante que a transição corra bem do primeiro ao último dia dos 50 anos. Não cultivamos hipocrisia. Não exigimos agora a Macau o que nunca exigimos, que Macau fosse outra coisa do que uma parte inseparável da China. E nós não temos um discurso em reuniões internacionais e outro quando recorremos à China para vender produtos”, vincou.

O governante notou que “a tranquilidade de Macau é essencial para demonstrar que é possível preservar a qualidade institucional”.

O titular dos Negócios Estrangeiros sublinhou ainda que “Macau é uma plataforma de difusão das culturas e da língua em todo o Oriente”.

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