Feira Internacional do Livro termina entre críticas e incertezas

A Feira Internacional do Livro de Macau, que decorreu entre quinta-feira e domingo no Centro de Exposições e Convenções do Cotai, no hotel casino Venetian Macao poderá ter sido um evento único e a continuidade do certame não está assegurada, apurou o Expediente Sínico junto de um dos expositores internacionais que marcaram presença no evento.

O expositor, que falou ao Expediente Sínico a coberto do anonimato, manifestou interesse em regressar a Macau para participar numa segunda edição do evento, tendo sido informado por um funcionário do Instituto Cultural  que ainda “não é lícito” que a Feira Internacional do Livro de Macau “venha a ser organizada novamente”. 

A edição inaugural da Feira Internacional do Livro de Macau abriu portas na quinta-feira, com a presidente do Instituto Cultural, Mok Ian Ian, a eleger a aposta na cooperação comercial com os países lusófonos como o grande objectivo do evento.

O certame, que terminou a meio da tarde deste domingo, tinha um orçamento estimado  em quase quatro milhões de patacas. No evento, que este ano focou a gastronomia e integrou a cerimónia de atribuição dos Prémios Gourmand (que distinguem os melhores livros de receitas e de gastronomia publicados à escala mundial) participaram mais de 60 editores de mais de 20 países e regiões. Entre os expositores estiveram editores de países de língua portuguesa – Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau – mas também de países como a República Popular da China, o Bangladesh, o Azerbaijão e o Irão. Presente estiveram também responsáveis pelo Programa Alimentar Mundial desenvolvido pela Organização das Nações Unidas.

O Instituto Cultural não divulgou números relativos à adesão do público ao certame, mas a escassez de visitantes deixou alguns dos expositores alarmados. O representante de uma das maiores editoras universitárias da República Popular da China, que preferiu não se identificar, manifestou-se surpreso com o facto da Feira não ter conseguido captar o interesse dos visitantes: “Sabe porque é que há tão poucos visitantes?”, perguntou, estupefacto.

A mesma surpresa manifestou Syed Ahsan Habib, editor do Bangladesh responsável pela publicação de “Alpana’s Cooking”, um dos livros distinguidos no âmbito da edição de 2019 dos Prémios Gourmand. Oriundo do Bangladesh, o responsável criticou o facto da Feira Internacional do Livro ter sido organizada no Venetian Macau, complexo hoteleiro que acolhe um dos maiores casinos de Macau: “Sei que é a primeira vez que esta Feira é organizada em Macau e acredito que os organizadores têm interesse em fazer com que o certame se repita no próximo ano, de modo a fazer com que Macau possa vir a acolher no futuro o maior evento deste género no continente asiático. Estou certo que o pode fazer”, sustenta Habib. “Macau tem muitos recursos, mas estas instalações talvez não sejam as mais indicadas. Uma Feira do Livro num casino? As pessoas vêm ao casino para fazer dinheiro. Não querem perder tempo a folhear livros e muito menos perder dinheiro a comprá-los. Estamos um pouco desiludidos porque o número de visitantes foi muito pequeno”, assume o editor.

O Expediente Sínico tentou confirmar o teor das informações no sábado junto de um responsável pelo Instituto Cultural, mas tal não se afigurou possível.

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