Museu italiano quer desvendar mistério do cabelo de Da Vinci

Um museu italiano revelou esta segunda-feira que tenciona conduzir um exame de ADN a partir de uma mecha de cabelo que acredita pertencer ao artista renascentista Leonardo da Vinci.  O mestre italiano morreu faz este mês quinhentos anos.

Alguns especialistas questionaram a iniciativa, defendendo que é quase certo que o cabelo não pertence ao artista italiano. Os especialistas sustentam ainda que exames de ADN credíveis são praticamente inviáveis face à incerteza histórica que rodeia o pintor.

Da Vinci morreu em 1519 e foi enterrado no Castelo de Amboise, situado nas imediações da cidade francesa de Tours. A fortificação foi danificada seriamente durante a Revolução Francesa de 1789. Muitos dos túmulos que ali se encontravam foram destruídos, incluindo o do artista.

Alessandro Vezzosi, director do museu Ideale Leonardo da Vinci, em Vinci, cidade-natal do artista, explicou que a mecha de cabelo foi recolhida em 1863 por um homem enviado por um comissário real para tentar localizar os restos mortais do artista italiano:”Em 1925, um coleccionador norte-americano comprou a relíquia em Paris… Mais tarde, antes de morrer aos 95 anos, o proprietário vendeu-a a um outro colecionador norte-americano, que nos contactou”, explicou Vezzosi.

O responsável pelo Ideale Leonardo da Vinci adiantou que o museu pretende extrair o ADN da amostra e compará-la com o ADN de um grupo de descendentes que o museu diz ter identificado em 2016 através de registos genealógicos.

O teste também deve ser capaz de comprovar se os restos identificados na França em 1863 são, de facto, do artista italiano: “O que é importante é não dar como garantido um resultado, qualquer que ele seja, antes do teste científico estar completo”, afirmou Vezzosi.

Alguns especialistas em genética e história da arte colocam, no entanto, em causa a credibilidade do processo: “É altamente improvável que a mecha, que foi apresentada como uma relíquia (religiosa), possa estar ligada a Leonardo da Vinci “, assinala Eike Schmidt, o director da prestigiosa Galeria Uffizi, em Florença.

Encontrar uma ligação de ADN com descendentes vivos apenas acrescenta dificuldade ao processo, uma vez que o reastreamento só é possível pela mãe e por uma sólida linhagem feminina ou pelo pai e uma sólida linhagem masculina. A identidade da mãe de Leonardo da Vinci é totalmente desconhecida.

O artista nunca se casou e não deixou herdeiros directos, pelo que o ADN será testado a partir dos descendentes que Vezzosi alegou terem sido encontrados por um acompanhamento das árvores genealógicas de outros filhos do pai de Leonardo. A possibilidade de recriar uma linhagem masculina com meio milhar de anos é extremamente improvável.

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