Migrações. Merkel quer soluções à escala europeia

Donald Trump sustenta que o eleitorado alemão se está a voltar contra Angela Merkel devido à forma como a chanceler alemã esta a gerir a questão migratória. Ontem, o parceiro de coligação de Merkel no Executivo germânico fez um ultimato de duas semanas à chefe do Governo. Merkel tem até 28 de Junho para negociar uma solução europeia para o desafio migratório.

Sob fogo nos Estados Unidos, o presidente norte-americano não se coibiu, ainda assim, de intervir na crise política em que a Alemanha está mergulhada. Numa mensagem publicada no Twitter,  Donald Trump sustenta que os alemães se estão a voltar contra a chanceler Angela Merkel por causa da questão migratória.

Na curta mensagem que deixou nas redes sociais Trump defendeu que as políticas de imigração adoptadas pelo Executivo de Berlim  contribuíram para o aumento da criminalidade e alteraram o modo de vida dos alemães de forma violenta.

Alvo de fortes críticas devido à política de tolerância zero para com a imigração ilegal, a doutrina de Trump começa a ganhar seguidores na Europa. A chancelar alemã, Angela Merkel, está sob forte pressão da CSU, parceiro do Governo que exige restrições à entrada de refugiados.

Horst Seehofer, Ministro do Interior alemão e presidente da União Social Cristã,  ameaçou esta segunda-feira encerrar as fronteiras da Alemanhã em Julho se até ao final do mês não for alcançado um acordo comum entre os estados membros da União Europeia para dar resposta ao influxo de refugiados que têm a Europa como destino.

Ontem, Angela Merkel garantiu que até 28 de Junho vai procurar soluções para a crise migratória  através de acordos bilaterais à escala  europeia. A chanceler alemã vai ainda procurar acertar uma via comum com o parceiro de coligação que exige restrições à entrada de refugiados: “Recebi autorização e apoio para negociar acordos bilaterais com os nossos parceiros europeus na cimeira de 28 e 29 de Junho. Fiz esta proposta na semana passada. De modo a conseguir levar este projecto a bom porto necessitamos de um governo capaz de agir e, é claro, de um mandato de negociação forte. Foi isso que recebi hoje da CDU e da sua direcção”, anunciou esta segunda-feira a chanceler alemã, em conferência de imprensa.

Na última semana, o conflito entre Seehofer e Merkel sobre a política migratória transformou-se numa ameaça para o Governo alemão.  O Ministro do Interior quer que a Alemanha recuse a entrada de migrantes que se tenham já registado como requerentes de asilo noutros países europeus. A chanceler alemã rejeita medidas unilateriais, argumentando que fariam aumentar a pressão em nações como a Itália e a Grécia e que poderão conduzir ao enfraquecimento do bloco europeu.

No domingo, e após um encontro com o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conti, Angela Merkel prometeu ajudar o Governo transalpino a dar resposta à questão dos refugiados que assomam ao país: “A Alemanha também é muito afectada pela questão da imigração. Hoje vamos discutir de que forma podemos reforçar a nossa cooperação bilaterla nesta área. Queremos ajudar a Itália e responder ao apelo à solidariedade que fez. Espero que a Alemanha também possa contar a solidariedade dos outros parceiros no que toca a esta questão da imigração”, disse Merkel numa conferência de imprensa com Giuseppe Conti.

Se Angela Merkel falhar a nível europeu, a sua posição tornar-se-à difícil, uma vez que a chanceler sempre defendeu uma resposta comunitária para o afluxo dos requerentes de asilo. Em última instância, a questão pode mesmo colocar em causa a continuidade do Governo liderado por Merkel.

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