Hong Kong. Quando o estrangulamento de uma criança esconde problemas maiores

Uma mulher foi detida às primeiras horas da manhã em Hong Kong, sob suspeita de ter estrangulado o neto, de seis anos. O menino, de seis anos, foi recentemente diagnosticado com hiperactividade. A mulher, de 52, era quem dele tratava a maior parte do tempo.

Uma mulher de 52 anos foi detida na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong às primeiras horas da manhã deste domingo, depois do corpo de uma criança de seis anos ter sido encontrado inanimado numa unidade hoteleira de Wan Chai, uma zona de Hong Kong conhecida pela vida nocturna e por fenómenos a ela associados, como a prostituição.

Marcas de estrangulamento foram encontradas no pescoço do menino, um neto da suspeita. As forças de segurança da antiga colónia britânica foram alertadas para o caso por volta da uma da manhã, quando um funcionário do Hotel Beverly ligou à polícia para dar conta do facto da criança estar aparentemente em coma. O menino foi enviado para o hospital, mas acabou por falecer, tendo o óbito sido decretado às 2.28 da manhã.

As forças de segurança de Hong Kong não adiantaram novos detalhes sobre o caso, mas a imprensa da vizinha Região Administrativa Especial escreve que o crime terá ocorrido no hotel, que está situado no edifício Capital, em Lockhart Road, onde o par deu entrada na noite de sábado.

A criança cresceu no seio de uma família monoparental. Vivia com a mãe e a avó em no edifício Yiu On, um complexo de habitação social situado em Ma On Shan, na região de Sha Tin.

O menino foi diagnosticado com hiperactividade recentemente. Era a avó quem tomava conta dele durante a maior parte do tempo porque a mãe tinha que trabalhar”, uma fonte citada pela jornal South China Morning Post adiantou.

Shiu Ka-chun, deputado de Hong Kong ligado ao sector da assistência social, criticou abertamente o Governo na sua página do Facebook por não conceder qualquer apoio a quem tem a seu cargo o cuidado de idosos ou de crianças: “Senhores Governantes, deixem de dizer que uma única tragédia é demais porque estão a ser simplesmente hipócritas”, Shiu escreveu nas redes sociais.

No Facebook o deputado identificou três grandes falhas do actual sistema de apoio social em vigor em Hong Kong: a falta de medidas de apoio a quem toma conta de idosos, de crianças ou de doentes, os escassos incentivos económicos concedidos a quem toma conta de terceiros por parte do Fundo de Apoio Comunitário, num mecanismo que exige que os interessados disso façam prova e, por fim, o facto de tais medidas, quando existentes, se aplicarem sobretudo a quem toma conta de idosos.

No ano passado, na antiga colónia britânica, registaram-se pelo menos três casos de homicídio envolvendo pessoas que tinham familiares sob seu encargo. Em Fevereiro, um homem terá estrangulado a sua mulher, de 56 anos e com problemas mentais, antes de se suicidar.

Em Junho, um idoso de 80 anos foi detido sob suspeita de ter morto a sua mulher, que se encontrava há muita acamada, numa tentativa de colocar fim ao seu sofrimento.

Em Outubro, um homem de 34 anos com distúrbios mentais terá morto a mãe, que também se encontrava acamada, antes de saltar de um edifício, no que a polícia de Hong Kong descreveu como “uma tentativa falhada” de suicídio.

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